O Sistema de Seleção Unificada (SiSU) permite que estudantes utilizem a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para disputar uma vaga em universidades públicas de todo o Brasil. Ao se inscrever, o candidato precisa fazer uma escolha estratégica: selecionar duas opções de curso e instituição. Essa decisão pode impactar diretamente as chances de aprovação, e por isso é essencial entender como montar uma boa combinação de opções no SiSU.
Neste artigo, vamos abordar os critérios que devem ser considerados na hora de preencher essas escolhas, explicar como o sistema funciona em termos de classificação e variação de nota de corte, e apresentar formas de montar uma combinação consciente, equilibrando desejo, possibilidade e realidade.
Entendendo a lógica das opções no SiSU
No momento da inscrição, o candidato pode escolher até duas opções de curso. Essas opções podem ser alteradas durante o período de inscrição. O sistema atualiza diariamente as notas de corte, que são apenas uma referência — elas não garantem vaga, mas ajudam a acompanhar o posicionamento parcial.
Cada opção de curso pode ser em universidades, turnos e cidades diferentes. E, para cada uma, é possível optar por modalidade de concorrência: ampla concorrência ou ações afirmativas (como cotas para escola pública, renda ou etnia).
Critérios que devem orientar a escolha
Montar uma boa combinação de opções no SiSU envolve ponderar uma série de fatores. Abaixo, destacamos os principais:
1. Nota do ENEM
A pontuação obtida no ENEM é o ponto de partida. É com ela que o sistema vai classificar os candidatos em cada curso. A média aritmética simples não é suficiente para avaliar as chances: é preciso considerar os pesos específicos de cada universidade e curso.
Por exemplo, um curso de engenharia pode atribuir peso maior à prova de matemática. Já medicina costuma exigir pontuação alta em todas as áreas.
2. Notas de corte dos anos anteriores
Consultar as notas de corte dos anos anteriores ajuda a identificar se a sua nota está dentro de um patamar competitivo. Essa pesquisa pode ser feita em sites de análise de dados do SiSU ou diretamente no portal do MEC.
3. Modalidade de concorrência
Alunos que se enquadram em cotas podem ter notas de corte diferentes das da ampla concorrência. Entender onde a sua nota se destaca mais pode ser decisivo.
4. Instituição e localização
Considere se você está disposto a se mudar de cidade ou estado, caso seja aprovado. Muitos candidatos preenchem a segunda opção com um curso semelhante em uma localidade com menor nota de corte, como uma estratégia de segurança.
5. Turno do curso
Turnos noturnos geralmente apresentam menor nota de corte. Isso pode ser uma alternativa interessante para quem precisa trabalhar ou deseja aumentar as chances de ingresso.
Estratégias possíveis ao montar a combinação
Embora não se trate de um “jogo”, o SiSU permite ajustes de rota durante o período de inscrições. A combinação das opções deve ser pensada com equilíbrio entre aspiração (o que você quer muito) e realismo (onde a sua nota realmente tem mais chance).
Estratégia 1: Arriscada na 1ª opção + conservadora na 2ª
Essa combinação é comum. Na primeira opção, o candidato coloca o curso mais desejado, mesmo com a nota de corte próxima ou ligeiramente acima da nota obtida. Na segunda opção, escolhe um curso mais acessível, com nota de corte menor.
Essa configuração é ideal para quem quer tentar algo mais ousado, mas não quer sair sem vaga alguma.
Estratégia 2: Duas opções seguras
Aqui, o candidato opta por duas alternativas com notas de corte próximas ou abaixo da sua pontuação. Isso tende a aumentar a probabilidade de aprovação, embora possa limitar o acesso a cursos mais concorridos.
É uma boa escolha para quem precisa entrar em uma universidade pública com maior urgência, sem preferências inflexíveis.
Estratégia 3: Duas apostas altas
Escolher duas opções de alta concorrência é válido, especialmente se a nota for muito próxima da média exigida ou se o candidato pretende usar o SiSU como termômetro antes de tentar novamente no próximo ano.
Essa configuração costuma ser mais comum entre alunos que ainda não têm pressa de entrar na graduação e desejam observar o comportamento do sistema.
Como acompanhar a posição parcial
Durante o período de inscrição, o SiSU atualiza diariamente as notas de corte e a classificação parcial. É essencial:
- Verificar a nota de corte de ambas as opções;
- Observar se sua classificação está dentro do número de vagas;
- Avaliar se há deslocamentos significativos de candidatos (isso pode indicar se você será ultrapassado ou não até o fim do processo);
- Ajustar suas opções caso perceba que suas chances diminuíram drasticamente.
O papel da lista de espera
Mesmo que o candidato não seja aprovado na chamada regular, ele pode manifestar interesse em participar da lista de espera — mas apenas para a primeira opção de curso.
Por isso, é fundamental pensar não apenas na classificação imediata, mas nas chances que essa lista pode representar em instituições que costumam convocar mais candidatos nas chamadas posteriores.
Cuidados importantes
- Atenção ao prazo: o sistema fecha às 23h59 do último dia, e não há reabertura para erros.
- Evite decisões impulsivas: mudar de opção constantemente pode ser contraproducente se for feito sem análise.
- Considere o histórico do curso: cursos novos podem ter menor procura e notas de corte menores.
Conclusão
Montar uma boa combinação de opções no SiSU é uma tarefa que exige análise de dados, autoconhecimento e estratégia. Não se trata apenas de escolher o curso dos sonhos, mas de alinhar expectativa com realidade, respeitando suas possibilidades e limitações.
O processo pode parecer complexo à primeira vista, mas com atenção às notas de corte, análise das edições anteriores e consciência sobre os próprios objetivos, é possível tomar decisões coerentes — e aumentar significativamente as chances de conseguir uma vaga no ensino superior público.
FAQ – Dúvidas frequentes sobre a escolha de opções no SiSU
Posso mudar as opções durante o período de inscrição?
Sim. O sistema permite alteração de curso e instituição quantas vezes quiser até o fim do prazo de inscrição. A última configuração salva será considerada.
Minha primeira opção tem nota de corte alta. Ainda assim vale tentar?
Sim, desde que sua nota esteja próxima da nota de corte. Muitos candidatos desistem ou mudam de curso durante o processo, o que pode melhorar sua colocação.
A lista de espera vale para as duas opções?
Não. O candidato só pode participar da lista de espera da sua primeira opção de curso, caso não tenha sido aprovado na chamada regular.
Se eu for aprovado na segunda opção, ainda posso tentar a primeira?
Não. A aprovação na segunda opção elimina a possibilidade de disputar a primeira. Por isso, pense bem antes de ordenar as opções.
O que acontece se eu não for aprovado em nenhuma das duas?
Você pode manifestar interesse na lista de espera da primeira opção. Muitas universidades fazem várias chamadas posteriores.